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Resumo do livro Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz

Esse livro foi escrito por C. S. Lewis, mais conhecido pelas Crônicas de Nárnia, em 1942. Se trata de uma coletânea de cartas enviadas por um diabo experiente (Screwtape) ao seu sobrinho aprendiz de tentador (Wormwood). Nas cartas, o tio aconselha o sobrinho sobre como tentar e levar ao inferno um homem chamado somente de "o paciente", do qual seu sobrinho era o diabo responsável.
Enquanto lia, escamas caíram dos meus olhos. É incrível a clareza com que C. S. Lewis nos faz perceber as ciladas em que caímos e os pecados que cometemos tão frequentemente. Tão frequentemente que achamos que já fazem parte da nossa personalidade e nem os vemos como pecados. Entre as tantas reflexões que esse livro nos traz, achei que duas delas foram as mais importantes para mim, no meu atual estágio espiritual:


       1.A percepção de que nós não somos os nossos erros

Constantemente nos achamos um caso perdido, que não fazemos nada direito, que caímos no mesmo erro tantas vezes que é melhor desistirmos de tentar sermos melhores. Bem, o livro mostra que aquele mau pensamento, aquela raiva na hora errada, aquela fome que interrompe o que poderia ser um ato caridoso, muitas vezes vem de fora, dos "tentadores", termo utilizado no livro. Que podemos, simplesmente, fazer uma escolha. Podemos ignorar essas más inclinações, reconhecer que não vêm de nós e escolher uma alternativa melhor.


      2.Uma noção mais densa da natureza humana e da vida na Terra como uma provação temporária

Sim, nós escutamos o tempo todo que não devemos ser do mundo, não devemos acumular tesouros que as traças corroem, que é melhor arrancar fora um olho se este nos faz pecar...mas quantos de nós realmente entende o que isso quer dizer?  Eu não entendia... É diferente ouvir conselhos e ter essa experiência de ler uma obra de literatura. A literatura mexe com a nossa imanação, podemos nos colocar na trama, nos vemos no lugar do personagem, tememos por ele e por nós... Depois desse livro, a idéia de que devemos, acima de tudo, buscar a Deus e ao Seu reino ficou muito mais clara, nem tanto para o meu intelecto, mas mais para o meu coração.


No capítulo primeiro (e também a primeira carta), o diabo experiente adverte ao seu sobrinho sobre a ineficiência de tentar levar um homem para longe de Deus através da argumentação. A sincera busca do homem pela verdade o aproxima de Deus, nunca o afasta. Logo, qualquer comportamento ou filosofia perniciosa deve ser estimulada por jargões. O homem deve ser atraído por elas porque são "convenientes", "práticas", "modernas" e se afastar delas porque são "superadas", "retrógradas" ou "desumanas". Avaliá-las como doutrinas "verdadeiras" ou "falsas" deve ser desencorajado. Vocês também perceberam como os jargões parecem sempre apelar para a vaidade?

No segundo capítulo o "paciente" vira cristão, o diabo velho explica ao sobrinho porque ele não deveria se desesperar. O cristão recém convertido ainda traz dentro de si uma visão muito "pictórica" do cristianismo e, com facilidade, se decepciona com a ordinariedade das pessoas à sua volta na igreja. A pergunta que deve ser evitada (na mente do paciente) é a seguinte: "Se eu, sendo o que sou, posso considerar-me de alguma maneira um cristão, por que os distintos vícios destas pessoas no banco ao lado provam que sua religião é pura hipocrisia e convenção?"

No terceiro capítulo o diabo fala de um mal que comumente praticamos: a substituição de uma pequena boa ação praticada no presente, por uma maior ainda a ser praticada no futuro, porém esta última é imaginária e nunca se realiza. É claro que um dia você vai doar o seu rim para a sua mãe, caso ela venha a precisar. Mas não está disposto a ir agora mesmo lavar uma louça, ou ter uma pequena conversa com ela ao telefone. A pessoa também facilmente torna suas orações inócuas, ao orar por uma pessoa imaginária, ou por temas puramente espirituais, por exemplo: a pessoa não reza por sua mãe real, mas por quem ela acha que sua mãe é. E não pede pela resolução dos seus problemas de saúde, mas somente por sua alma.



Algo semelhante é tratado no quarto capítulo, ao nos dizer que frequentemente confundimos nossas orações com a maneira como nos sentimos. Nos sentimos perdoados quando pedimos perdão, confortados quando pedimos conforto etc. E, assim como substituímos uma pessoa real por outra imaginária em nossas orações, fazemos o mesmo com o próprio Deus, ao rezar por uma imagem fabricada e individualizada. O homem não consegue conceber quem é Deus, portanto deve rezar "não para o que eu penso quem Vós sois, mas para o que Vós sabeis ser", se livrando de todos os seus pensamentos e conceitos pré-fabricados e confiando na Presença totalmente real junto dele no quarto. 


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